sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Ghost World, HQ clássica de Daniel Clowes, continua inédita no Brasil


Entre os autores que faziam quadrinhos underground nos anos 1980, Daniel Clowes foi um dos que mais se destacou. Nunca se acomodou, continuou aprimorando sua técnica narrativa e criou um conjunto de novelas gráficas de altíssima qualidade, sem pontos baixos. Ao lado de Charles Burns e Chris Ware, está entre os melhores quadrinistas contemporâneos. Mesmo assim, teve apenas uma novela gráfica, Como Uma Luva de Veludo Moldada em Ferro, publicada no Brasil.

A evolução de seu trabalho ficou evidente no decorrer da publicação de suas revistas de quadrinhos Lloyd Llewellyn e Eightball. O humor bizarro das primeiras HQs foi aos poucos substituído por uma visão pessimista, melancólica do mundo. Como Uma Luva de Veludo Moldada em Ferro, publicada na Eightball entre 1989 e 1993 foi a obra de transição, com uma trama absurda e surreal, humor negro e violência extrema.

Entre 1993 e 1997, também na Eightball, foi publicada, em capítulos, a HQ Ghost World, que seria lançada no formato de novela gráfica em 1997, atingiria um público amplo e tornaria Clowes conhecido fora do circuito underground. Uma crítica publicda na revista Time declarava que Ghost World era um clássico instantâneo. Outros críticos chegaram a comparar a obra ao livro O Apanhador no Campo de Centeio, de J. D. Salinger, pela autenticidade com que mostrava as angústias da adolescência. Em 2001 foi lançado um filme baseado na HQ.

As personagens principais de Ghost World são a inquieta e impulsiva Enid, e sua amiga inseparável e cúmplice Rebecca. As duas adolescentes, recém formadas no colegial, parecem não ter objetivos nem ocupações, além de criticar tudo e todos que encontram pela frente.

Enid, com seu humor amargo, parece refletir a personalidade de Clowes. Age como a líder da dupla, arrastando Rebecca para lugares bizarros e discursando sobre qualquer coisa que lhe passe pela cabeça. Rebecca, apesar de seguir passivamente Enid, é uma personagem mais comum, uma adolescente sem grandes ambições, que não sabe bem o que fazer da vida.


As duas meninas perambulam pelos subúrbios de uma cidade americana típica, com sua infinidade de centros comerciais e casas de classe média, e seus estranhos habitantes, como um neonazista, possíveis satanistas e um ex-padre pedófilo. Ghost World é a frase que aparece pichada em vários pontos da cidade, e descreve esse mundo onde se é solitário vivendo entre milhares de pessoas, uma América onde tudo parece bizarro e ridiculamente falso, como um restaurante que tenta vulgarmente imitar o estilo dos anos 1950 em plenos anos 1990.

Enid e Rebecca andam em círculos nesse mundo fantasma, protegidas pela sensação, típica da adolescência, de ser algo puro em meio a uma sociedade corrompida. Mas logo chega o momento em que é preciso amadurecer, decidir seu destino: pular fora ou se acomodar ao mundo fantasma. Cada garota toma um rumo, e a separação carrega a HQ de emoção. O final é aberto, misterioso e tocante, mas sem exageros.

A arte de Clowes combina perfeitamente com seus personagens estranhos e a arquitetura kitsch das cidades em que eles habitam. Uma pálida luz verde-azulada banha todos os quadros, segundo Clowes para passar a sensação de que o mundo fantasma da HQ é iluminado apenas pelo brilho artificial dos aparelhos de TV.

Desde 1997, Ghost World foi publicada pela Fantagraphics em vários tipos de encadernados. A mais econômica é a edição em capa mole, mas os fanáticos pelo trabalho de Clowes também podem adquirir a edição especial de luxo lançada em 2008, com capa dura, esboços dos personagens, alguns comentários do autor e o roteiro do filme baseado na HQ.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Ilustração: Luana Piovani


Caneta hidrocor e colagem com vários tipos de papel. Achei que seria fácil fazer uma caricatura da Luana Piovani, porque ela tem características marcantes como olhos verdes e muitas sardas. Ironicamente, acabei não fazendo nem olhos nem sardas. Achei que ficou melhor assim.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Eles estão chegando! Dinosaur Jr- discografia básica


Quando um tiozinho de longos cabelos brancos subir ao palco do Comitê Club, em São Paulo, e apoiar uma guitarra sobre sua barriga saliente, não ria. Trata-se de J. Mascis, vocalista e guitarrista do Dinosaur Jr, uma lenda do rock alternativo, o cara que gravou algumas das canções mais barulhentas dos anos 80, foi reverenciado por bandas grunge e shoegazer e recusou ter um disco produzido por David Bowie. O Dinosaur Jr vem tocar no Brasil com sua formação original, que além de Mascis traz Lou Barlow no baixo e vocais, e Murph na bateria.


You´re Living All Over Me -1987

Depois de um primeiro disco confuso e pouco memorável, o Dinosaur Jr lançou este álbum, que muitos consideram sua obra-prima. Logo na primeira música, Little Fury Things, a banda mostra o que a tornava especial: uma introdução barulhenta seguida de uma passagem calma e melodiosa, sobre a qual Mascis canta preguiçosamente. No final entra uma guitarra tão distorcida que soa como uma serra elétrica, e a canção termina com alfinetadas de microfonia. As mudanças de velocidade, e a alternância entre passagens calmas e barulhentas, na mesma canção, se tornariam marcas registradas do Dinosaur Jr, antes de serem popularizadas por bandas como Pixies, Nirvana e tantas outras.
Em The Lung e In a Jar, a banda mostra seu lado punk mais melódico, quase pop. Lose, composta por Lou Barlow, segue na mesma linha, lembrando um pouco Husker Du, com solos descontrolados e abrasivos. No meio da acelerada Kracked explode um furioso solo de guitarra que parece saído diretamente do primeiro disco dos Stooges. Raisans antecipa a sonoridade que o Sonic Youth apresentaria em Daydream Nation e Goo. Poledo é a única canção acústica do disco. Também é a mais estranha e experimental.  Composta por Lou Barlow, que canta e toca ukulele. Cheia de efeitos eletrônicos e mudanças de andamento, lembra Sebadoh, a banda que Barlow formaria após sair do Dinosaur Jr.


Bug – 1988

A banda abandona as experimentações e busca o equilíbrio entre melodia e barulho. As músicas parecem mais tradicionais e fica mais clara a influência do rock clássico de conjuntos dos anos 60 e 70, como Stones, Creedence e Buffalo Springfield.
Freak Scene é o destaque do disco, com sua melodia empolgante, o som das guitarras mudando de cristalino para barulhento com incrível naturalidade e perfeição e os solos de guitarra irretocáveis de Mascis.
Freak Scene tornou-se um hit nas rádios alternativas britânicas e Bug atingiu o primeiro lugar na lista britânica de discos independentes mais vendidos. Apesar do sucesso comercial, a tensão que existia entre os membros da banda aumentou. Mascis era tão controlador que além de produzir o disco e compor todas as canções, definiu exatamente como Murph deveria tocar a bateria.
Mascis só não canta em Don´t, que remete ao primeiro disco, com um turbilhão de guitarras barulhentas a la Stooges, baixo distorcido e os vocais berrados de Lou Barlou.


Green Mind – 1991

Durante a turnê de Bug, em 89, Mascis toma o controle total da banda e expulsa Lou Barlow. O baixista passaria a se dedicar a seus projetos paralelos, como o Sebadoh, que com o tempo se tornaria uma das mais cultuadas bandas da cena alternativa norte-americana.
Praticamente um trabalho solo de Mascis, Green Mind foi gravado quase inteiramente com músicos convidados. Murph, o baterista original do Dinosaur Jr toca em apenas três músicas. Mascis novamente produz o disco e compõe todas as canções.
É o disco mais acessível da banda, com uma sonoridade quase folk rock. O som das guitarras está mais baixo e menos distorcido. Violões são audíveis em quase todas as faixas. O clima geral é bem mais calmo que o dos discos anteriores. Apenas How´d You Pin That One On Me tem um espírito mais punk.
Até 1997 Mascis gravou mais três discos usando o nome Dinosaur Jr, sem a participação de nenhum outro membro original da banda. A partir de 1999 passaria a lançar discos sob o nome J Mascis and the Fog.


Farm – 2009

A formação original da banda voltou a se reunir em 2005 para uma série de shows. Em 2007 gravaram o disco Beyound, bem recebido pela crítica, mas foi com este Farm que o Dinosaur Jr voltou com força total. A fúria das músicas dos anos 80 ficou para trás, mas a banda consegue manter o equilíbrio entre as guitarras pesadas e canções pop, rock alternativo e tradicional, que havia em Bug.
Friends lembra o punk melódico que o Replacements fazia nos anos 80. See You é o tipo de pop rock agridoce que o Lemonheads adoraria ter composto. Lou Barlow volta a compor e cantar em duas músicas que fariam bonito em qualquer disco do Sebadoh, e dão certa variedade sonora ao álbum.
O que era ousado nos anos 80, hoje pode soar ultrapassado. Mas não se deixe enganar; ao vivo, o tiozinho Mascis costuma aumentar o volume da guitarra e fazer uma barulheira dos diabos.

Além dos shows em São Paulo, no Comitê Club, dias 28 e 29 de Setembro, a banda também tocará em Recife, dia 25, no festival No Ar Coquetel Molotov.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Ilustração: Oscar de La Hoya


Lápis de cor e colagem com vários tipos de papel. Ilustração pra revista Monet, que publicaria uma matéria sobre o ex-campeão mundial de boxe.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Eles estão chegando! Pixies – discografia básica


Dia 11 de Outubro a cultuada banda Pixies será uma das principais atrações do festival SWU, que acontecerá em Itu, interior de SP. O conjunto se apresentará com sua formação original: Black Francis (guitarra e vocais), Kim Deal (baixo e vocais), Joey Santiago (guitarra) e David Lovering (bateria). Embora tenha lançado seu último álbum de estúdio em 1991, o grupo ocasionalmente se reúne para fazer turnês e tocar em festivais.

O Pixies foi uma das bandas mais importantes e influentes do rock alternativo dos anos 80 e 90. Além dos discos comentados abaixo, lançaram várias coletâneas e caixas com gravações ao vivo, versões alternativas e demos.


Come on Pilgrim (1987)

O primeiro disco dos Pixies foi este EP, curto, mas impressionante. A banda mostra um rock enérgico e estranho, com influências de punk, folk e bandas como Gun Club e Captain Beefheart.

As guitarras aparecem em primeiro plano, com os solos precisos e econômicos de Joey Santiago. As canções lembram um pouco outra banda da época, o Throwing Muses.

Os vocais de Black Francis são versáteis e poderosos. Suas letras obscuras sugerem cenas de incesto, violência e referências bíblicas. Algumas canções são cantadas em espanhol (Black Francis morou em Porto Rico).

Era um início promissor.


Surfer Rosa (1988)

Bone Machine, a primeira música do disco, parece uma continuação de Come on Pilgrim, mas a bateria soa mais pesada e as guitarras mais abrasivas.

Nas canções seguintes, a atuação do produtor Steve Albini fica mais evidente. As guitarras estão muito mais barulhentas que no disco anterior, construindo uma muralha de ruído que encobre as canções melodiosas. Em Broken Face e Oh My Golly!, por exemplo, surf music e hardcore colidem furiosamente, mas o álbum também possui momentos mais calmos e acústicos.

Gigantic é a única faixa na qual a baixista Kim Deal assume os vocais principais. A música alterna momentos calmos e barulhentos, característica comum a várias canções da banda, e que seria uma influência direta na criação de Smells Like Teen Spirit, do Nirvana. Curiosamente os vocais de Gigantic foram gravados no banheiro do estúdio, pois o produtor não gostava da acústica da sala de gravação.

Os vocais de Black Francis soam mais dementes que nunca: ele resmunga, grita furiosamente, produz sons estranhos e até, pasmem, canta tranquilamente em algumas músicas.

É um dos clássicos da banda, e seu disco mais brutal e caótico. Em algumas edições de Surfer Rosa em CD, Come on Pilgrim vem incluído como bônus.


Doolittle (1989)

Provavelmente o maior sucesso comercial do Pixies, produzido por Gil Norton, que substituiu o barulho do álbum anterior por um som mais limpo e sofisticado, incluindo arranjos de cordas em Monkey Gone to Heaven. A variedade de estilos das canções é maior que nos discos anteriores. Há músicas lentas e sombrias, punk rock acelerado, canções pop, folk, reggae, surf music, baladas românticas hilárias e sérias.

Debaser, a música arrebatadora que abre o álbum, deixa clara a influência do movimento artístico surrealista sobre as letras de Francis. A canção é uma homenagem ao filme Um Cão Andaluz, dirigido por Luis Buñuel e Salvador Dalí.

Here Comes Your Man é uma das criações mais pop do Pixies, tão pop que a banda não queria gravá-la, mas acabaram cedendo devido à insistência do produtor. A canção foi o segundo single do álbum, e logo se tornou um hit nas rádios universitárias norte-americanas.

Doolittle é o outro clássico do Pixies, mais pop, mas ainda estranho e provocador.


Bossanova (1990)

Tentativa de repetir o sucesso do disco anterior, novamente com produção luxuosa de Gil Norton, mas o resultado ficou muito irregular.

A banda, que passava por conflitos internos, soa desanimada e repetitiva. Sobressaem-se sombrias canções surf como Ana, Havalina e principalmente Velouria, além do rock pop de Dig for Fire e Allison.

Antes do lançamento do disco, Black Francis disse em algumas entrevistas que este seria um álbum de Heavy Metal. Os fãs ficaram meio preocupados: um disco da Heavy Metal? E o nome é Bossa Nova?? Mas tudo não passava de uma brincadeira de Francis, claro.


Trompe le Monde (1991)

O último disco de estúdio da banda, que não conseguira superar as desavenças internas, é quase um álbum solo de Black Francis. Voltam à cena as guitarras pesadas e canções melódicas. A novidade é o uso de sintetizadores em algumas músicas.

As letras delirantes de Francis homenageiam filmes B de ficção científica e temas mitológicos.

Nem tudo funciona bem no álbum, mas a divertida barulheira de Planet of Sound e a cover furiosa de Head On (do Jesus and Mary Chain) estão entre as melhores gravações da banda.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Ilustração: Zé do Caixão - Coffin Joe

Uma das ilustrações mais toscas que fiz: cartolina preta sobre cartão branco, e unhas desenhadas com hidrocor. Mandei pro Salão de Piracicaba e "conquistei" outro segundo lugar. Fiz em 2001 ou 2002. Joguei no lixo tudo que fiz antes dessa caricatura.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Ilustração: Frida Khalo

O primeiro trabalho decente que fiz, acho que em 2002. Mandei pro Salão de Humor de Piracicaba e fiquei em segundo lugar. Sempre ficava em segundo lugar nesses concursos. Os jurados deviam achar que eu usava colagem porque não sabia desenhar... Hoje me parece um trabalho meio amador mesmo. Alguns anos depois essa caricatura foi parar em uma exposição no vão livre sob o MASP, um pessoal da Editora Abril viu, gostou e me pediu uma ilustração pra revista Bizz.

Recentemente fiz outra ilustração da Frida Khalo, mas também não gostei muito do resultado...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O Sétimo Selo em Blu-Ray

Um cavaleiro medieval disputa um jogo de xadrez com a Morte, tendo ao fundo um céu de nuvens negras. A cena, uma das mais famosas da história do cinema, pertence ao filme O Sétimo Selo, dirigido pelo sueco Ingmar Bergman e lançado em 1957.

Max Von Sydow interpreta o cavaleiro Antonius Block, que retorna com seu escudeiro de uma Cruzada e encontra sua terra natal devastada pela peste. Quando a Morte, personificada pelo ator Bengt Ekerot, surge para levá-lo, Block propõe que disputem um jogo de xadrez. Se o cavaleiro vencer, continuará vivo; caso contrário ele e os que o acompanham serão levados pela Morte.

O roteiro do filme foi desenvolvido a partir de uma peça de teatro do próprio Bergman, chamada Trämalning (Pintura sobre Madeira). A cena do jogo de xadrez entre o cavaleiro e a morte foi inspirada em uma pintura do século XV feita pelo artista Albertus Pictor.

O Sétimo Selo foi o filme mais ousado e autoral feito por Bergman até então. Sua visão crítica da Igreja Católica pode ser vista tanto nas cenas em que uma garota é presa por membros da Inquisição e queimada em uma fogueira, quanto na passagem da procissão de fanáticos religiosos que se imolam, acreditando que assim evitariam a peste.

A obra de Bergman, que até então tinha grande influência do movimento neo-realista, passa a abordar com mais intensidade questões metafísicas. As inquietações existenciais do diretor são expressas pelo cavaleiro Block, que atormentado pela proximidade de seu fim, passa a se questionar sobre o sentido da vida e a existência de Deus. Como contraponto ao cavaleiro idealista, seu escudeiro é um homem prático, realista, que acredita que não há respostas para as questões existenciais de Block. O personagem do escudeiro representa uma possível resposta às questões do cavaleiro: é impossível saber se realmente existe um deus ou um sentido para a existência humana, então nos resta viver da melhor maneira possível, até que a morte finalmente vença o jogo. Mas a filosofia de um personagem nunca se sobrepõe a do outro, evitando assim uma resposta definitiva. O diretor teve a inteligência e sensibilidade de permitir que cada espectador busque sua própria resposta.

O clima sombrio do filme é entrecortado por algumas cenas cômicas e luminosas, geralmente protagonizadas por um grupo de teatro mambembe. Certamente Bergman aprendeu esse tipo de estrutura narrativa com as peças de Sheakspeare que dirigiu para o teatro, no início de sua carreira. A família de atores desse grupo mambembe atravessará as adversidades da vida, a escura floresta e a tempestade, e sobreviverá para que no filme haja um perfeito equilíbrio entre o horror da morte e a alegria da vida.

O roteiro foi depurado por Bergman até se tornar irretocável. Todas as cenas possuem um sentido, um motivo para estarem no filme; nada é supérfluo. Todos os personagens são importantes e bem construídos. A montagem e a fotografia são precisas e discretas.

Apesar de profundo e reflexivo, O Sétimo Selo é acessível ao grande público, possui cenas antológicas e é considerado um dos maiores clássicos do cinema mundial. Está sendo lançado em Blu-Ray pela Versátil Home Vídeo, trazendo entre os extras o ótimo documentário A Ilha de Bergman, sobre a vida e obra do artista.